Canto uma copla

Arte de Firm Bee

Canto uma copla 
coroada de vazios
certezas que não se espalham 
desfazendo-se feito nuvens
a erosão de cada hora
não se faz suficiente
não se faz suficiente
e por isso a pedra dura
e por isso a noite escura
e por isso o grito extático
Ergo um verso enigmático
que ao subir descreve a queda.

Canto uma copla
amortalhada e envolta em círios
dúvidas que não se apagam
feito verso arrependido
esbroando tal memória
a abrasão de cada hora
não perturba minha mente
não perturba minha mente
e por isso esta cordura
e por isso arde a loucura 
e por isso o emblemático
contra passo iniciático
libertando enquanto enreda.

Isolda, fala comigo
que este silêncio todo me afoga!
Vislumbro amores cochos, cegos, anencéfalos
encilho o meu bucéfalo
que trota em cotos sangrando

Isolda, fala comigo!
O mundo é nau que vaga e voga
Canta um hino ao tudo e ao nada
gorgorejando de tua garganta cortada 
Dedos perdem unhas e destreza
no espasmo vão se acalmando...

Claudinei Soares

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