O Expectador

Em todas as estações há dores e perdas.
Assim pensava Manassés em sua caminhada diária, observando a multidão.
Encostado no parapeito do Viaduto Santa Ifigênia via rostos alegres, tristes, outros cantando e dançando com o fone de ouvido.
Expectador da conversa alheia ouvia sons de buzinas e motores, e se emocionava com as alegrias e tristezas dos transeuntes.
Tinha o hábito de escrever em taquigrafia os acontecimentos diários das pessoas sem ao menos saber se no outro dia iria vê-los outra vez. 
Fazia sol ou chuva, Manassés permanecia ali impecável, com seus sapatos brilhantes, a calça e a camisa bem passados, e ao seu lado o seu companheiro inseparável: o cassetete.

Postar um comentário

0 Comentários