Da janela de meu quarto

Da janela de meu quarto,
vejo luzes a brilhar,
entre mortes entre partos, 
sopro leve a bailar.

O mundo estás à deriva,
como naufrago no mar
a essência foi perdida 
já não sabemos amar.

se Deus existe,
não és mais problema meu.
se Deus existe e não acredito,
a culpa é minha e deposito toda a culpa nos seus.

pássaros cantam em gaiolas,
ignorância e arrogância me fazem pensar;
se faz sentido o amor entre as pessoas,
se escolhemos quem amar.

tantas realidades criadas,
tantas almas a procura de salvação.
Mas se matam todos os dias,
encontrarás o seu perdão?

cada um em seu universo 
cria e copia emoção.
quando escrevo os meus versos,
acalanta o coração.

Uma tempestade vem chegando. 
Tudo vem da importância que se da.
quantos seres estão pensando:
"E essa tempestade, vai passar?"

Bocas cheias de palavras, sem se importar.
Tantas cores excluídas, por não agradar.
tantas vozes incompreendidas, perdidas a gritar.

tantas vezes a mentira, pra não magoar,
se perde a magia e para de amar.

carro, torres, copos, fogo...
Um beijo constrangido, 
a visão de ter sido tolo,
por querer não me importar.

mas também a culpa é sua
por medo de reviver o que já foi vivido.
resolvi fingir não lhe amar.

tantas coisas por saber
mortes, vida, céus e mar
células, sangue, sentimentos, vozes a cantar.

Tantos universos, incluindo o meu.
Na janela de meu quarto,
penso: 
 "se tudo vem da importância,
por que escolhi você para me importar?".

Marcelo Souza

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