E o oficio do Poeta?

Oprimir os ignorantes.
Pisar sobre os fracos
Esmagar os miseráveis
Fazer sangrar os pobres,
Espoliar os trabalhadores.

Este é o ofício dos poderosos.
Este é o ofício
Dos
Poderosos.

Tirar de quem tem pouco
E tirar mais de quem tiver ainda menos
Este é o ofício
Dos poderosos.
Por quem mora em casebres
Para erguer mansões
Por quem anda a pé
Para fazer carros
Por quem passa fome
Para fazer pão
Esse é o ofício
Religioso
Esse é o ofício
Bem redigido
Cheio de constitucionalidade
Com todos os efes e erres
Com todas as chancelas
E carimbos
Dos poderosos
Amém.

Amém e Deus lhes pague
O salário no fim do mês
Secando e queimando na boca
Trinta dias garantindo
O sustento
O sustento da fome.
Pedindo perdão aos patrões
Pedindo licença aos senhores
Pedindo anuência aos chefes
Pedindo e pedindo à quem manda.
Fazer mil crianças chorarem
Deixar os pais longe dos filhos
Deixar a cidade sem alma
É o ofício dos poderosos
Dos padres, pastores, prefeitos
Deputados, presidentes
Congressistas, delegados, diretores e afins
É o ofício dos generais
Dos capitães da indústria
Dos gigantes do comércio
Dos titãs da multimídia

É o ofício
Religioso
De segunda à domingo
Nas missas e cultos
Nos terreiros e capelas
Nos botecos e mercados
É o ofício
Dos poderosos
Que discursam
Que se rasgam nos púlpitos
E comem o dízimo
E tomam a mente
Para ganhar o voto.
Amém.

E o ofício dos heróis?
E o ofício dos bons?
E o ofício dos sábios?
E o ofício do poeta?

Claudinei Soares

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