A montanha

Arte de Danfador
para amada avó e queridos tios

Eles nunca imaginaram que a Montanha,
Que lhes dava abrigo, calor e amor,
De tão alta imponente e bela,
Fosse um dia findar em pedra, poeira e pó.
Aquela Montanha era uma Mãe.
Quando chuvas negras despencavam do Céu cinza
E o metálico Inverno cortava - lhes a alma,
Suas cavernas forradas de musgo eram seus cobertores.
Quando o Sol amarelo pintava o Céu de azul
E o calcinante Verão secava - lhes suor, saliva e sangue,
Sua sombra, forrada de grama
E a água acumulada em seus seios
Foram seus refresco e feriado dos dias de trabalho.
Mas o Vento, que é filho do Tempo,
Soprou aos poucos tamanha beleza de Montanha

Tornando-a um monte de verde abundante...
Do monte um planalto, ainda que alto...
E enfim do planalto uma pradaria onde relva e árvores nasceria.
E o que era prosperidade virou temeridade.
Porém, a Montanha também foi Pai.
Ela os ensinou, mesmo não ensinando
A como se abrigar no calcinante Inverno
Entre paredes de pedra e teto de erva;
A como se proteger do metálico Verão
Sob sombras arboresças e água entre as mãos
E o que era maldição virou satisfação,
Pois a Lembrança, que é irmã da Esperança,
Os fez verem a Montanha mesmo não estando lá,
Sentiam abriga-los mesmo que suas cavernas não mais existiam,
Sentiam sua sombra mesmo debaixo do mais alpino dos sóis.
Então o Tempo pai do Vento
Juntou aos poucos um punhado de pó
Ali na pradaria onde sempre relva nasceria
E formou um planalto - quem diria - bem alto,
Do planalto formou um verde e abundante monte,
E enfim do monte uma Montanha de beleza tamanha.
E foi então que eles souberam
Que se para o pó tudo vai, do pó tudo retorna
Porque o que morreu um dia deixando agonia
Nascerá outro dia gerando alegria.

Adams Damas

Postar um comentário

0 Comentários