Vou Escrever Sobre O Celeste Infinito

Arte de Geralt
Vou escrever sobre o celeste infinito e o marinho sem fim,
Sobre a relva esmeralda e o pássaro que se perdeu do seu ninho,
Sobre a eterna doce criança que habita no interior do seu lar, vou escrever.

Sobre o lobo que caça ferozmente no longo inverno
E aninha sua cria carinhosamente no curto verão.
Vou escrever sobre o amor que move moinhos e da fé que transporta montanhas,
Sobre o farfalhar das folhas que estalam sob seus delicados pés descalços
E sobre os mornos e molhados lábios que se abraçam
Na lúdica paisagem de suas paixões.
Vou escrever sobre a mãe do pai, o pai do filho, o filho que será pai de uma mãe;
Sobre o fim do começo, o começo sem meio,
O meio que procura o começo sem saber do fim...
Não vou escrever sobre aqueles anjos que vêm a Terra
Apenas para sentir seus pés no chão,
Sobre o egoísmo que nos despe de nossa humanidade
E da miséria que nos veste dos restos da nossa humildade.
Não vou escrever sobre a maldade que castiga e explora irmãos e irmãs
Nem do bem que faz o mal e vice-versa.
Não vou escrever sobre os nomes perdidos em seu nome
Nem do sangue que jorra sem rumo, sem caminho, sem sentido...
Se pudesse escrever sobre aquilo e não sobre isto, iria escrever.
Iria escrever apenas sobre fantasias e ilusões, porém.
Vou escrever sobre a vida e dela viverei.
E vou escrever sobre ela depois...


Adams Damas

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