As gotas caindo

As gotas caindo
No desvão dos prédios
Dançando para a morte
Que as espera no meu rosto
Ou pelo chão
Vem arrastadas pela brisa
Caprichosa
Encenando para a cidade
Um colchão de frio
Quando o mundo acabar
Migrar para um duto de fios
Brilhar numa brasa de lareira
Eu quero muito estar
Olhando seu rosto
Quando minha consciência despencar
Colapsando sobre si mesma
Tudo rugindo em silêncio
Tudo apagando-se em nada
Meus olhos deixando de ver
Eu quero estar
No seu colo
Minha almejada
Última coisa
Quero lhe dar
Nem que desconexa
Nem que estúrdia
A palavra que vale
A palavra sem volta
Imagino seus dedos
Nos que me restar de cabelo
Imagino inalar seu hálito
E exalar o suspiro
Não sei francamente
Se o meio das coisas importa
Mas o fim é definitivo
Quando se alça nos braços da morte
Mundo e idéias e prédios
Livros e sinfonias
Harpas e rifles
Carícias e violências
Num torvelinho de fagulhas
A fogueira está no fim
Mas me abraça
Eu quero o calor
Que seu coração fabrica
Quando o mundo acabar
Esboroando nas mãos de um deus
Inconseqüente
Eu quero estar na sua frente
Mil sois queimam nesse beijo
E a valsa jamais findará!

Claudinei Soares

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