Lembro da gente deitado
num sofá em que mal cabia
um sujeito só sentado
seu peso em cima de mim
e eu te afagando os cabelos
e eu te contando histórias
aí vinham as cãibras
e a gente se revirava
e começava tudo outra vez.
Lembro da gente sentado
no mesmo sofá que insistia
em ser curto e apertado
Seu rosto de serafim
me regalando de apelos
e eu destilava memórias
aí vinham as sombras
e a gente se afastava
sonhando a mesma viuvez.
Lembro de você dedilhar
meu violão e cantar
e eu chorar consoantes
para dores tão abissais
casarem-se com as vogais
porque ninguém nunca jamais
havia me feito isso antes
Lembro de me aninhar
disposto a acreditar
nesse teu colo marinho
que ali havia encontrado
o sonho mais destrambelhado
de que tudo agora estava acertado
o começo do fim do caminho
mas sabe como é, querida
este novelo da vida
que o gato vil do destino
faz o que quer na procela
Assim nos deitamos mil vezes
Assim nos amamos mil vezes
da fonte viramos fregueses
só pra cair na esparrela
Lembro de todo o passado
pois nosso amor foi deitado
(gozado pensar na vida)
porque veja como é:
Só lembro da gente de pé
no dia da despedida.
Claudinei Soares
num sofá em que mal cabia
um sujeito só sentado
seu peso em cima de mim
e eu te afagando os cabelos
e eu te contando histórias
aí vinham as cãibras
e a gente se revirava
e começava tudo outra vez.
Lembro da gente sentado
no mesmo sofá que insistia
em ser curto e apertado
Seu rosto de serafim
me regalando de apelos
e eu destilava memórias
aí vinham as sombras
e a gente se afastava
sonhando a mesma viuvez.
Lembro de você dedilhar
meu violão e cantar
e eu chorar consoantes
para dores tão abissais
casarem-se com as vogais
porque ninguém nunca jamais
havia me feito isso antes
Lembro de me aninhar
disposto a acreditar
nesse teu colo marinho
que ali havia encontrado
o sonho mais destrambelhado
de que tudo agora estava acertado
o começo do fim do caminho
mas sabe como é, querida
este novelo da vida
que o gato vil do destino
faz o que quer na procela
Assim nos deitamos mil vezes
Assim nos amamos mil vezes
da fonte viramos fregueses
só pra cair na esparrela
Lembro de todo o passado
pois nosso amor foi deitado
(gozado pensar na vida)
porque veja como é:
Só lembro da gente de pé
no dia da despedida.
Claudinei Soares
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