Volver

Volver é impossível - não consigo
Quimera te persigo - para jamais
E a lua com presságios de castigo
Ilumina um postigo que ficou para trás

Me iludo e insano habito
A minha trama
Galho se perde em rama
Rama em flor
Aranha sobre o abismo
Tece a cama
Deita na teia frágil sem temor

Estrelas solerosas que desfilam
E a solidão partilham
Com quem quiser
A mágoa licorosa que destilam
Minh'alma beberica
Tanto quanto quer

Volver é impraticável
Não há meios
E calam-se os receios quando vem
Mas vi teus olhos verdes
E meus anseios
Encarnados na face
De outro alguém.

Agora o tempo impera - e tudo pode
Mão lenta e vã que erode os colossais
Abismos e planuras - tudo implode
A alma, a carne, as obras - dos meros mortais.

O que de nós no mundo premanece
A noite esmaece
Findará
Maldita a mente, a boca
Que não esquece
Do que partiu e nunca volverá!


Claudinei Soares

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