Não penso para escrever, escrevo sem pensar, se penso o que escrevo explode no meu pé, não além, e quando não penso explode longe, noutro lugar.
Mas como escrever sem pensar? É fácil, escreva com os dedos, apenas, sem o cérebro funcionar.
Deixa os dedos fervilharem no teclado e se espalharem nas letras assim como quem chupa chupeta antes de nanar. E assim vai, sem o pensamento a interferir.
O pensamento é muito materialista, calculista, borrifador de perfeição, pesado como ferro ao se levantar e fura o que não furar se deve.
A escrita tem que ser leve, leve de flutuar como pluma que nenhum pensamento pega no ar. Meu pensamento, às vezes, quer minha escrita alcançar, mas pobrezinho ele é meu chinelo ou sapato, muito longe de me representar.
Meu pensamento piora qualquer escrita antes de começar. Quando escrevo pensado, ao reler me assusto por não acreditar que consegui escrever tanta besteira num mesmo lugar. Então apago e me viro pro outro lado lamentando este desencanto que a escrita pensada pode proporcionar.
Certa vez, pensei tanto antes de escrever que meu pensamento fritou no ar e ao ler, dia seguinte, vi que eram apenas gotículas de neve no vento a soprar, tão geladas que nada podia encanto dar, quiçá uma alma esquentar.
Letra fria esta que sai do pensamento. Então... aprendi que para escrever não se pode pensar.
Se você conseguir escrever assim vai ser bom, sua escrita vai melhorar e os que o nariz entortar ou da ortografia discordar, diga então, que escreveu sem pensar. Melhorando meu estilo, agora te digo pensado, que me socorra meu pensamento antes que eu possa reler este texto e apagar.
Marcos Rossi
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