Devolva-me a mim


Derreteste minha beleza para ornar um anel no teu dedo.
Subtraíste minha liberdade para tecer vestes de orgulho.
Usaste minha imagem para ostentar e prêmio másculo para os idiotas.
Consumiste minha alegria para compor o teu sorriso.
O suor regou o alimento que te encheu teu bucho nojento que recobres com lenço na garganta.
Sem termos, nem modos de cavaleiro,
Sem talheres de prata, só a gula, gula, gula, em devorar tudo que sai de mim.
Barriga e mais barriga que prova tua masculinidade.
Masculinidade? Mereces mesmo tal adjetivo se torpes tu és?
As forças dessa criatura brava exploraste até a última gota.
Deflorada para que te quero? Guardas a sete chaves e venda esses olhos para que não se veja.
Visto sensualidade... "Ridículaaaaaaa!!!'
Faz-me rir, mulher!!! Joga está poha no lixo, que não serves para ti.
Sexo sim para tu, sexualidade a mim?
Cinto casto para que não sintas, não veja, não acredite, não saiba o que é.
O que sou eu?? Ainda preciso descobrir
Já comecei... Sou malévola!
Regurgito aqui, todas as infâmias torpes e sórdidas que escondes,
Até que devolva-me a mim, a quem pertenço por direito e herança.

Kerley Nancy

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