O horizonte desprezando tudo
Fazendo a vida menos miserável
A corda faz a música intangível
Que vai palpar o impalpável
A morte deixa de ser impossível
E a ressurreição deixa de ser improvável
A ascensão é sempre demorada
E a derrocada sempre memorável
O seu adeus
Está aqui num canto bem guardado
Não sei dizer
Aonde neste peito devastado
Se Prometeus
Tivesse se rendido ou se calado
Se mesmo eu
Não tomasse o rumo certo
De colisão com o que está errado
Este lugar cheirando à limpeza
Lençóis imaculados e toalhas
Berço de um desespero
Insuspeitas mortalhas
Soluço que fratura a madrugada
A crença craqueando á marretadas
Não é você que não tinha defeitos
O amor cobria as suas falhas
Não vem falar
Baboseiras douradas sobre a vida
Sou só e sou
A minha orfandade não é reprimida
Nada acabou
Nada possui entrada ou saída
O seu adeus
Nesta miséria toda
É uma memória
Muito querida.
Claudinei Soares
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