O último adeus


"Quase o arroz queimou." - Perdida em seus pensamentos na beira do fogão, o barulho das crianças na sala ouvia de longe. "Não, não pode ser... Crianças ficam quietas!"
Ela não queria acreditar, mas diante dos fatos e provas, ficava difícil em não aceitar.
Por nove anos de convivência nunca houve desconfiança ou suspeita do marido estar num duplo relacionamento.
Prendendo o choro dava banho nas crianças e se banhava ao mesmo tempo, trocaram de roupas e sentaram na mesa para o almoço.
"Vamos passear mãe".
"Vamos pra casa da vovó".
No prato via a imagem dos dois se beijando, sorrindo com o garfo bateu com força num pedaço de carne, como se estrangulasse alguém.
A ideia fez seu sangue ferver e um ódio aflorou num sorriso maléfico.
Foi ao quarto pegar as malas.
Joga álcool na cama, acende um fósforo e fica paralisada, observando a cama sendo incendiada.
Ao ver o envelope no criado mudo não resistiu a tentação, ao olhar as fotos e vê os dois homens se beijando...

Murillo Kollek

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