Chico Pai

Arte de Wondermar
para Francisco Heraldo


Lá, 
Sentado no alto de seu trono altivo,
O Mestre Que Tudo Sabe E Que Tudo Vê viu aquele Chico Menino, 
Que brincava de letrar e jogava com o falar, e proclamou:
“Tu. Chico Menino, vais enfim descender tua carne!”
Então, Chico Menino perguntou:
“Mas por que eu, Mestre Que Tudo Sabe E Que Tudo Vê, 
Se sou apenas um chico-menino e nada mais?”
Eis que O Mestre Que Tudo Sabe E Que Tudo Vê respondeu:
“Ora, e todos os chicos-meninos não devem vir de algum lugar!”
E ele lhe explicou que assim como as plantas crescem e os insetos morrem, 
O vento que sopra do Norte é sempre mais frio que o vento que sopra do Sul, 
E que o beija-flor beija as flores porque a Primavera é sempre doce, 
E que os pássaros cantam em seu ninho fazendo ouro e vinho, 
E que o Sol amarelo pinta o Dia azul assim como a Lua branca pinta a Noite preta, 
E que mais do que tudo, tudo será mais.
“Faça, Chico Menino!” , determinou O Mestre Que Tudo Sabe E Que Tudo Vê,
“Assim como mesmo eu fiz em tempos idos,
Soprando o primordial fôlego no penúltimo dia, faça!
Perpetua-te tua alma como fizeram a Luís e Fernando, 
erniza-te teu coração igual estão José e Carlos, e faça!”
Então, degustando do fruto caído
Da primeira árvore que o primeiro jardineiro plantou
E depositando do próprio sangue no precioso Cálice seu,
Objeto único que do seu altar devota, 
Chico Menino criou a unha da sua carne,
The apple doesn’t fall far from the tree,
O primogênito que chega em casa depois da longa viagem.
Intitulou-o de igual maneira Rei Jessé intitulou seu novo Rei
E, deste dia em diante,
Aquele que plantava pedras e colhia flores como um Chico Menino,
Foi à luta e voltou da guerra como um Chico Homem,
Brandi agora o cajado e cuida do rebanho como um Chico Pai.

Adams Damas

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