Não é que não

Não é que não dói
É que não importa
Como a pedra que salta
Num lago azul
Por baixo da face
Ninguém olha mesmo
Por baixo da roupa
Estarei sempre nu
Não é que não erro
Não é que eu não firo
Não é que eu não bebo, não grito
Não piro
É que já não ligo pro papel
O lago reflete e o reflexo é o céu.
Não é que não faz
Uma maldita falta
Teu beijo, teu rosto, teu cheiro
Teu ser
Eu quando te vejo
Tanta coisa me salta
Te ver confessar que me ama
Ou morrer...
Não é que-porra
Não é que é
Não é que não
Vou vencer essa guerra
Desde que vencer
Seja ficar de pé!
Eu caí do paraíso e estou contente
Virei carne, sangue, vermes, barro, horror
Sabia voar
Hoje rastejo á lutar
usando as unhas e os dentes
Eu caí do paraíso e estou contente
Porque foi por amor!
As mãos não conseguem
Acertar as cordas
Demônios em coro murmuram:
Confessa!
Bebi e não consigo
Encontrar as notas
Mas sei que não fui eu
Quem quebrou a promessa
O céu é o lago?
O lago é o céu?
É tudo um truque?
Eu recuso o papel
Quicando veloz
Afundando lentamente
Eu caí do paraíso e vou em frente
Cairia novamente e cairei
Eu sabia sonhar
Hoje nem sei se o pensar
É um pensar realmente
Eu caí do paraíso e estou contente
Por saber o que eu sei.

Claudinei Soares

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