Espada do tempo

Eh sertão que jamais virou mar
Morreu gente de tanto esperar
Também vou secando
As sentenças foram proferidas
As ofensas estão esquecidas
E o resto eu nem sei
Terra nossa pra gente plantar
Vida nossa pra ser e estar
Promessas do além
Vai o vento levando a poeira
Só a lua é que brilha e não presta
Contas a ninguém
Tenho sombras nesse coração
Já murcharam os  sonhos bonitos
Que um dia eu plantei
Desconfio do tempo e da hora
O que me deste outrora
Hoje andam dizendo
Que eu te roubei
Eh paixão que não tem mais lugar
Plantação recusando a brotar
Sonhar custa caro
As revoltas de quem verte o sangue
Nas chagas da terra
E não ganha uma lágrima ao menos do céu
Sete lutos escondo na face
Se eu não me calasse
Eu assustaria as pedras do chão
Murchas asas da minha vaidade
Minha mocidade
É a saudade montada num vento alazão
E cavalga, cavalga sonhando
Que a espada do tempo
Com o mar do seu pranto
Inunde o sertão!

Claudinei Soares

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