Meu coração nasceu despreparado

Meu coração nasceu despreparado
Para momentos em que o amor é tão forte
Em que a vida bamboleia sobre a morte
Seus lábios roçam-se num jogo ardente
Como se o universo se apagasse em seu beijo
Vida e morte e dia e noite
Nos imitam no desejo
Pobres de vós
Oh, deuses, porque viverão eternamente
Não somos heróis
Temos este momento, tão somente
Pobre da luz
Que nunca achará a treva que procura
Rasão, tua cruz
É abominar tua paixão lésbica pela loucura!

O meu olhar nasceu já programado
Para o melhor e o pior do mundo
Meu coração tem trinta anos – vive de um em um segundo
Espero que o melhor aconteça
Mas sei que o pior à nós se irmana
Por isso eu não minto a ninguem, ninguem me crê – ninguem me engana
Pobre de ti
Oh, hora, porque voltas sempre ao começo
Estou aqui
Por algumas voltas tuas – e pago o preço
Pobre do amor
Querendo estar em tudo não aproveita nada
Mas, como for
No nosso beijo a incompletude do universo está anulada!

O sol arde intenso
Vitorioso ardor
toma a amplidão
E coisas em que penso
Retiram o esplendor
do meu coração
Calor, glória, imponência
para tudo submeter
meu Deus, você não pensa
quando vai aprender?
Você me expõe, me humilha
me busca pelas frestas
Você é meu sol, amor
Mas o sol vai ser pôr
uma hora destas...

Claudinei Soares

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