KATAROI


(à Ricardo Scheyr)

As bailarinas
como capitéis de açúcar
Não parecem
Perecíveis
Ou devassas
Ou cruéis
Como são.
A arte é a única mentira
Que vem do espírito
Por isso mesmo
É a única verdade

O meu imo não se quebrará
Jogam-lhe lixo
Planta flores
Jogam-lhe pedras
Ergue castelos
Lancem-no à fome
E de salto em salto
Com seu corpo magérrimo
Ele voará.
Fará música
Fará poesia
Ameace tirar-lhe a vida
E ele encontrará Deus.

A arte é o único ganho
A única perda.
Sagrada poesia
Ungida escultura
Sacrossanta arquitetura
No cimo das catedrais

Circulo-esquadro -passo
Contrapasso
Volta, voluta de carne, mármore, verso e tinta
o espírito cego pode ver
O olho ressequido pode chorar
O velho se faz novo

O espírito santo da ousadia
O evangelho do Mestre Artista
Mas os homens na rua
Compram a redenção
Pra seus museus e paredes
As pessoas vivem e morrem
Sedentas daquilo em que se afogam.

Canto Da Vinci
Silêncio de todas as coisas
Que só falam com quem risca
Escava e molda a si mesmo
A música que em silêncio
Você dança.
Santo e louco bailarina

Claudinei Soares

Postar um comentário

0 Comentários