Pisei sem pedir licença


Pisei sem pedir licença
Nesta terra que Deus fez
Sem trava e sem limites
Eu perdi a lucidez
Não pensei em tanta coisa
Audacioso contumaz
De tudo que é façanha
Eu me julgava capaz
Mas a vida traiçoeira
Transformou força em poeira
E a glória ficou para trás

Fiz da vida uma aventura
E cada hora que vivia
Tinha o brilho emprestado
Pela minha fantasia
Dei a quem amava o carro
Ao desafeto a vilania
A chuva virou lençol
E cavalguei na ventania
Alimentei esperança
Quem sonhava era criança
Mas o adulto mentia

Triste é ver que não existe
Nem retorno nem perdão
Por não ter plantado
Não hei de colher a compaixão
E vazio eu caminho
Expurgando a ilusão
Que teima em minar meus olhos
E ousa ladrilhar meu chão
Faz de catedral o teto
O céu sob qual abjeto
Durmo sem consolação

Vou morrer é uma esperança
Não existe outra vitória
Só o aguardo da verdade
Que é sempre consumatoria
Esperar que o tempo julgue
Dê ponto final à história
Aguardando cabisbaixo
estendo a mão à palmatória
Vem o esquecimento preto
Serei mais um esqueleto
Sem quem lhe guarde a memória...

Claudinei Soares


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