Rudra

O céu se incendeia
Num estalo
É breve o intervalo
Na escuridão
Que arde incendiada
Por um halo
De fogo - e cicatriza
Com exatidão
No olhar fica a marca
Cristalina
Ardendo na retina
O fulgor
De imensidões despenha
E cumpre a sina
A fúria que arde em som
Luz e calor

A treva a tudo envolve
E sustenta
De tudo se alimenta
E vencerá
Tola a impávida vela
Que a afugenta
A audaciosa brasa
Que a faz calar
Mar de veludo negro
Que a tudo invade
No tropel da tempestade
Toma o ar
Agonizar na aurora
É sua vontade
Recua-mas não cessa
De avançar!

Minha carne e meu sangue
Se sublevam
Aos ares se elevam
Nos céus além
Com asas que ocultam
Mas revelam
Liras que cantam alto
Para ninguém
Mil braços e mil faces
De betume
Crestadas pelo lume
Pertinaz
Entoam o que eu queria
Que soubesses
Porém
Creio que nunca
Saberás!

Claudinei Soares

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