A tarde aí está

A tarde aí está
Não há aves no Jardim
Já não é cerúleo o céu
E os tons de azul da Prússia logo vem
Tintas nuvens lá
Pinceladas de ardor
Morre o sol sangrando cor
Azuis, roxos e cinzas e ouro e além
Lâmpadas virão
Brisa que aparece
Longe na amplidão
É num piscar de olhos que anoitece
Cinza azul e céu
Oceano meu de ar
Onde já sonhei voar
Não vejo um só pássaro tentar
Letras num visor
Alma murmurando em fonte
Recortadas no horizonte
As árvores são ameias que sonhei
Lâmpadas ali
Vapor de sódio incandescente
Marcheta de ouro persistente
As folhas verde-pálido de hora atrás
O que percebi?
Tudo muda sob a luz
E assisto a ópera dos céus
Quieto- eu deixo o sol se pôr em paz
Voaria para ti
Se asas tivesse
O chão clama meu corpo
E minh'alma o teu colo numa prece
A tarde aí está
Já não tarde- noite sim
Tão imóvel o jardim
Recebe a brisa fresca e maternal
Sequer me movi
Tudo eu mudo contemplei
No silêncio eu cantei
Os versos que caminham pro final
Que quer um verso meu?
O que busca contar?
A última nota do sol!
Eu ouço! Você pode escutar?

Claudinei Soares

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