A terra gemeu numa agonia de fim de mundo
E o veneno veio arrasando tudo
Xawara, meu vô dizia. Xawara.
Xawara é a peste que vem do homem
Contaminado pelo medo e com fome de ouro
Com fome de ferro e de pedras preciosas
Rasgando a carne e quebrando os ossos da terra.
Xawara mata os peixe tudo. Envenena o sangue das plantas
Mas pior ela faz com a alma
Ela deixa gente cega e surda
Gente que gargalha nadando em ouro
E não sente pena da dor de ninguém
Bicho e índio e camponês pobre
Tanto faz viver como morrer.
Árvore nem se fala.
Sento nas pedras e canto ao rei das águas
Sem coragem para pedir perdão pela ofensa
A deusa da Terra perdeu a paciência
Mas os culpados não estão ao seu alcance
Morre gente desde que começou essa guerra
Inocentes sempre.
Meu tambor é meu coração
A flauta é a minha voz
O beija-flor levará minha mensagem
Minha voz está na fumaça
Minhas lágrimas vão para o mar
Rio, cê vai morrer
Nasceu para ser eterno
Vai acabar antes de mim.
Rio, cê vai morrer
E eu? Vou viver de quê?
E nóis?
Os grandes da terra
Com suas canetas e papéis
Com seu Deus encarcerado
E suas palavras pomposas
Selaram nosso destino
Suas palavras amáveis
Estão podres de veneno
Sempre estiveram.
Desconfio que estarão sempre
Vão beber coisas espumantes
No meu crânio
Se eu pegar em armas
Sou primitivo e covarde.
Se eu cantar aos meus deuses
Sou um servo do demônio que nunca conheci
Os únicos demônios que conheço
Moram longe e vivem da miséria do povo.
Xavara. Meu avô dizia.
Enterrem o ouro de volta
Enterrem o ferro de volta
Joguem os diamantes pra rua afora
O mundo está se acabando
Estamos afogados em sangue
Não dá para beber sangue
Nem para comer cadáveres
Enterrem o ouro de volta
E o veneno veio arrasando tudo
Xawara, meu vô dizia. Xawara.
Xawara é a peste que vem do homem
Contaminado pelo medo e com fome de ouro
Com fome de ferro e de pedras preciosas
Rasgando a carne e quebrando os ossos da terra.
Xawara mata os peixe tudo. Envenena o sangue das plantas
Mas pior ela faz com a alma
Ela deixa gente cega e surda
Gente que gargalha nadando em ouro
E não sente pena da dor de ninguém
Bicho e índio e camponês pobre
Tanto faz viver como morrer.
Árvore nem se fala.
Sento nas pedras e canto ao rei das águas
Sem coragem para pedir perdão pela ofensa
A deusa da Terra perdeu a paciência
Mas os culpados não estão ao seu alcance
Morre gente desde que começou essa guerra
Inocentes sempre.
Meu tambor é meu coração
A flauta é a minha voz
O beija-flor levará minha mensagem
Minha voz está na fumaça
Minhas lágrimas vão para o mar
Rio, cê vai morrer
Nasceu para ser eterno
Vai acabar antes de mim.
Rio, cê vai morrer
E eu? Vou viver de quê?
E nóis?
Os grandes da terra
Com suas canetas e papéis
Com seu Deus encarcerado
E suas palavras pomposas
Selaram nosso destino
Suas palavras amáveis
Estão podres de veneno
Sempre estiveram.
Desconfio que estarão sempre
Vão beber coisas espumantes
No meu crânio
Se eu pegar em armas
Sou primitivo e covarde.
Se eu cantar aos meus deuses
Sou um servo do demônio que nunca conheci
Os únicos demônios que conheço
Moram longe e vivem da miséria do povo.
Xavara. Meu avô dizia.
Enterrem o ouro de volta
Enterrem o ferro de volta
Joguem os diamantes pra rua afora
O mundo está se acabando
Estamos afogados em sangue
Não dá para beber sangue
Nem para comer cadáveres
Enterrem o ouro de volta
Claudinei Soares
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