Arte de Geralt |
Porque suas mãos tecelãs
Fazem auroras aos olhos
Porque tua voz cotovia
Arrulha em tristes ouvidos
Porque teus passos pequenos
Percorrem muito do mundo
E porque o mundo não lhe escapa
Pois tanto dele tu sabes...
Todos os dias são teus
porque ás vezes me olhas
Com esta complexa ternura
Que abraça a alma dos homens
E a minha pobre e surrada
Encontra pouso num ninho
Repleto de compreensão
Todos os dias são teus
Porque não esperas da vida
Porque te doas ao mundo
Porque ninguém sabe ao certo
Onde começa a mulher
Onde termina a menina
Onde nasce esta artista
Esta força da natureza.
És esta coisa, este estalo
Quem te encontrou te dedica
Mesmo nos ocos do mundo
Um pensamento diário
E mesmo que isso não houvesse
Mesmo que o mundo só fosse
Como no meu sentimento
A mais triste casa de espelhos
se nalgum canto estiveres
Lá se vão minhas misérias
Lá perder-se-iam martírios
Por sua presença de luz.
Ontem distante lhe dei
Um colar de pensamentos.
A menina que passeia
Trazendo o riso ao vazio
Sonhei que uma bailarina
Numa caixinha de música
Mudava um pouco do mundo
A cada volta da corda
A cada volta da corda
A lua dita o compasso
O sol dispõe muitos pares
De estrelas muma quadrilha
E à noite cessa a bagunça
Todas quietinhas nos olham
Com cupidez- vez por outra
Uma de tanto olhar fixo
Cai do estrado e aqui fica
Tecendo sonhos que fixem
Suas asas cristalinas...
Todas as coisas tem lenda
Todos os dias são teus.
Claudinei Soares
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