Arte de Foundry |
Choramos ontem.
Nos lastimamos. Depois nos apresentamos com as caras
duras, os olhos vermelhos, e mesmo amanhecendo devastados, engolimos a
dor com um gole de café e marchamos firme.
Somos homens - que diabo!
Eu fui levar o lixo aos prantos. É... eu não sabia se atirava os sacos no dispenser ou se atirava a mim ou se lançava invectivas aos quatro ventos perguntando às forças do destino porque diabos esta ironia refinada na crueldade sádica.
Mas joguei o lixo, esfreguei os olhos, arranhei a garganta e conduzi o
veículo tão responsávelmente como se não tivesse desabado e apertamos as
mãos e fomos para a casa.
Não sou negativo, você não é, ele não é.
Somos gente temperada na dor, recozida na cassetada, endurecida na
porrada e aprendemos á torcer pelo melhor com a face preparada para os
murros do pior. Mas às vezes vem um coice no estômago que não se
esperava.
Soldados pedindo esmola.
Avida é dura, filho
quem buscar amor será desprezado
quem tiver fome não será saciado.
Quem chorar não encontrará consolo.
Que o sol não seque este meu pranto
eu preciso dele para regar a terra.
Paz nenhuma.
Liberdade nenhuma.
Justiça nenhuma.
Descanso nenhum.
Sinto o vento, o silêncio e o sono chegou tarde demais para mim - já
tinha dado todos os bons sonhos para outros, contentando-se em me deixar
repousar em trevas ignotas e letárgicas.
Acordei certo de que não
vai passar, nem melhorar. Aço no sangue, desconfiança na alma.
Pensamento gentil nas trincheiras do mundo... Amiga dúvida, vem!
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