A MENINA AMARELA

De onde estou agora eu percebo
Já vai longe o tempo e espaço de um olhar
Que como a chuva numa pradaria
Lança sombras sobre a terra
Mas germina a luz da flor
Que inveja
O destino tem
Separando tantas mãos
Cruzando tantos caminhos
Poesia
Da ironia - ou não?
O espinho no caule esguio
Pra romper a bolha frágil da paixão...

De onde estou agora até os ecos
Já parecem ter ficado por aí
Monologando entre as pedras e os vales
De um caminho que deixei pra não voltar
Eu sei ninguém sabe
E nada pode ser mais justo nem melhor
O que será que tem nos olhos teus, menina estranha
Que se entranha em minhas fibras
E ao rir me faz quase chorar

E ao quase chorar

Eu derramo um oceano de Odisseu
Canto mil vicissitudes sem ter voz
E o deserto dos meus olhos
Já vislumbra um fim
Já outra vez sorri
Já não arde assim tão mais

E ao pensar palavras soltas vi-me ao léu
Com o vento à dar-me asas outra vez
E eu correndo morro-à-cima
Vislumbrei dali
As planícies imortais

Se eu soubesse do que falo, ah, coração
De que valeria a glória de sentir?
E infantilmente insone
Sonho vir talvez
Um dia em que eu durma em paz!


Claudinei Soares

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