Olha

Olha
Outra vez
Tenho de jogar
A dose
De café
Que a cafeteira insiste
Em fazer à mais
Acordo
E no banheiro
Eu quebrei o copo
Onde guardo a escova
O copo é leve
É normal
A xícara para duas escovas
É que é legal
Veja
No guarda-roupa
Tinha o espaço seu
Aprendi fazer sopa
Conservar vegetal
A gente finge
Mas não é racional

Eh
Eu saio apagando a luz
Tiro o som do celular
Arrumo a cama só depois
Dó café da manhã
É
Eu penso em preparar um chá
Por um disco bom pra tocar
Assuntos para te entreter
À beira do divã
Eu sei
Você não vem
Eu sei

Chega a ser engraçado
Eu aqui
Vendo o sol
amanhecer sentado
Premeditando
o jantar
Não moro só:
Moro com a esperança
De te ver chegar

Eh
Vai ser barra no fim do mês
Sei lá como essas contas vão
E lá no mercadinho então?
Meu Deus, ferrou de vez
Mas
Tem cachoeira perto e
A praça onde não vai ninguém
Filme que eu pague meia eu vi
No fim ficamos bem
Eu sei
Você não vem

O café escorre
Ralo abaixo
Mundo abaixo eu vou
Mas a fé não morre
Com o que virá
Com o que ficou
Esse eterno porre
Passa um dia
Passa um mês
Amanhã
Seu café estará
Pronto outra vez.

Claudinei Soares

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