A luz se esgueira no beiral

A luz se esgueira no  beiral
Sobe as escadas, cruza o umbral
A luz vem vindo aí
Dar colorido para o caos
Botar as sombras no lugar
Mostrar passagens e caminhos
A luz e seu império ardente
Que por nada se deterá
E marchará sobre tudo
Sobre tudo sem piedade

Minha figura de trevas
Torso de negror em que me agarro
Boca de veludo e orvalho
Não tenho onde te esconder
Te abraço uma última vez
E assisto a manhã te rasgar
Te espalhar em folhas de seda
Pelo ar lento e frio da madrugada
queimando e evanescendo
Não posso fugir do Sol
Que incendeia meu cetro e manto
Que a tudo reduz à vapores e delírios
me toma a coroa e me transorma em carne
É como carne que me fará servil
Porque a luz a todos colhe de joelhos.


Claudinei Soares

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