Mania Matinal

Torneira aberta
Fita o espelho,
O sol invade o vitrô, 
Aquece a nuca.

Veranico
Quente,
Levemente vazio

Sintoniza 
Um clichê toca no fundo,
Ri só.
Da varanda sem luxo, observa.

O sol curtindo roupas no varal,
Algumas vidas varadas de fome.
Não de carne, nem de pão.

Hidrata o corpo, 
Sente a brisa badalar o sino dos ventos,
Arde na vontade de voar para o céu.
Mas a cera das asas derreteria, como Ícaro.

Ali, 
Ficou.
Entre as folhas viu alçar vôo.

Tragou seu último chá, 
Riu do trabalho que a mente impunha,
Mania matinal.
Em jejum, engoliu o mundo.

Foi pela porta.
Atravessou a rua. 
Só vi partir, só.

 Bruna Fernanda Berardi

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