Os Amores

Arte de Dieter G
Os amores que atravessei
as ruas estreitas e curtas-vielas
aberturas
frestas
cerradas.

Era tempo quente e ventoso e círculo de ouro
e quem podia andar sem destino
andava
regressava caminhando enxergando um rosto
produzindo silvos.

Os amores que calafetei
as vocações: devasto
vestígios
dores
descobertas.

Era tempo da colheita e coisa nenhuma
e quem podia transitar
transitava.

Não sentia a escuridão
o fantasma, o corte da espada
sem calor.

Os amores que tramei
fui ao sagrado - o véu
no choro - o soberano
no canto - o indeciso
com quem mesmo falei baixo?

O escoteiro no caminho
e coisa nenhuma.

Murillo Kollek

Do livro Augustus: Cotidiano e Urbanidade, 2009 - Ed. Celta

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