Nada

Nada
Nada nada
E você ali
Vindo pela rua
Me marretando
A caixa torácica
Um gelo no buxo
Negócio horroroso
Nada
Nada nada
E a saudade toda
O desejo entalado
Tentando romper
O nó desse orgulho
Meu pescoço ficou
Grosso feito uma tora
Mas a boca?
Cerrada.
Nada
Nada nada

Beijamos de monte
E quis morar para sempre
Na sua pele morena
Seus cabelos negros
São loiros agora
Eu se ainda fosse minha
Teria me oposto
Ficou esquisito
Cabelo de estátua
Lavada de chuva
Prometeu tanta coisa
Vampira
Política
Diplomata
Pilantra
Meus olhos parecem
Nadar em molho de pimenta
Mas a cara?
Plácida
De uma chatura
Terraplanada
Que tenho?
Nada
Nada nada.

Num canto relembro
Minha boca
Na tua
Você me olhando
De um jeito tão outro
Tão outro
Outro lado
Da rua, do mundo
Teus olhos agora
Me evitam demais
Mas foi de eu lembrar
Que você surgiu
Sombração
E paixão
E me engasgo
Nas coisas
Bonitas e horríveis
Que guardei
Pra ela
Que vai virar a esquina
Vai seguir o rumo
Coração
De burro chucro
Cabeça virada
E eu vou ali
Deixa ir,
To com pressa
Vou indo, vou nessa
Pé na tábua
Pé na estrada
Cortando a conversa
Largo o copo cheio
Que tenho?
Nada
Nada nada.

Claudinei Soares

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