A lista

A lista ainda está aqui
Com as coisas que você precisa
Meus dedos guardam estradas e ruas
Caminhos por onde sua mão desliza
Quando entrei por essa porta
E você não estava
Uma trava em meus olhos se rompeu
E a janela onde a luz penetrava
Escutou cada soluço meu.

As palavras ainda estão aqui
E quando você passa
De um lado para outro na cozinha
E baixa os olhos para algo e se concentra
Não sei se a luz escapa da janela
Se a noite adentra
Sei apenas desta vontade
Que arde na minha pele e que termina
Por me fazer te abraçar

Seus dados ainda estão aqui
As coisas nos cantos
O peixe no aquário
Sua voz dentro de mim guardada
Num pequeno relicário
Eu me pergunto
Como fazer
Para que você não esqueça
Mas a vida vai avançando
Como chama em papel velho
Que deixa fumo
Carvão vazio sem a esperança da brasa.
Quando entrei por essa porta
E você não estava
Eu quis te trazer para casa.


Quando entrei na tua rua
E não achava onde estacionar
Quando não achava teu endereço
Nem o caminho para a sua boca
Nem as palavras que agora jazem aqui
Quando sentei na tua mesa
E afaguei teu rosto pela vez primeira
Quando teu nome virou
Uma estrela cadente na minha garganta
Quando
Vi um poema misterioso nos teus olhos

Quando
Entrei por essa porta
E você não estava
Uma palavra
Escapou voando de mim
Mas a vida segue
apagando as pegadas
Calando os poemas
Aplanando as escarpas
Sendo brisa que acaricia
Ou furacão que devasta.
Quando entrei por esta porta
E você não estava
Descobri que teu abraço
Era a minha casa
E isto me basta.


Claudinei Soares

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